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Endocrinologia geriátrica valoriza tratamento personalizado para o diabetes

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De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2006 e 2016, houve um aumento de 60% no diagnóstico do diabetes no Brasil. Atualmente, estima-se que entre 8% e 9% da população tenham a doença, mas o mais grave é que metade dos doentes desconhece o diagnóstico que poderia permitir qualidade de vida. Entre os idosos, a situação é crítica, porque a enfermidade atinge em cheio: o país ocupa o quinto lugar no mundo com diabéticos acima dos 65 anos.

Como tratar indivíduos que, com frequência, apresentam outras doenças crônicas e podem estar num estado de fragilidade? Esse foi um dos temas do III Simpósio de Endocrinologia Geriátrica, realizado no fim de março no Rio de Janeiro. Está claro para os especialistas que o tratamento tem que ser personalizado, levando em conta todos os aspectos do paciente. Ou, como afirmou o geriatra Rodrigo Bernardo Serafim, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro): “hoje em dia, trabalhamos com diferentes alvos para diferentes idosos”.

Quando a gente faz um teste de glicemia, ele detecta hipoglicemia, quando há pouco açúcar em circulação no sangue, ou hiperglicemia – este segundo quadro indica o diabetes mesmo quando não há sintomas. A glicemia não deve passar de 100mg/dl em jejum de oito horas. Já a hemoglobina glicada também dosa a glicose, mas através da sua associação com a hemoglobina. Quando está abaixo de 5,7%, o risco é baixo para o diabetes; entre 5,7% e 6,4%, o paciente tem um quadro de pré-diabetes; e, de 6,5% em diante, o diagnóstico é de diabetes, devendo ser confirmado numa segunda dosagem.

Controlar a doença é fundamental para evitar complicações, mas o que vem mudando na clínica médica é a forma de abordagem da enfermidade. Imaginem dois homens de 78 anos e a mesma taxa de hemoglobina glicada: no entanto, um se exercita e não teve outras complicações, enquanto o outro é completamente sedentário e já teve um infarto. O que foi discutido no congresso é que o tratamento levará em conta essas diferenças, porque, quanto mais frágil o idoso, maiores as chances de a medicação levar a um quadro de hipoglicemia, que pode provocar sonolência, falta de coordenação, alterações visuais, quedas e fraturas. Nesse caso, a alternativa de conviver com uma taxa um pouco mais alta pode evitar um quadro adverso.

O valor ideal para cada paciente vai depender da expectativa de vida e dos riscos causados pela hipoglicemia. Os critérios de fragilidade são, entre outros, perda de peso maior que 5% em um ano, sensação de fadiga constante, comprometimento da habilidade de subir um lance de escada ou de caminhar uma quadra. Os especialistas também enfatizaram a necessidade de avaliar o estado mental da pessoa, porque, se houver algum sinal de demência, a ingestão do medicamento poderá ficar prejudicada, caso ela viva sozinha e se medique. Outras questões devem ser levadas em conta, como o grau de déficit visual, a habilidade manual e a dificuldade de deglutição. Em 2013, o médico Gerard McKay já acenava nessa direção, ao publicar estudo sobre o tratamento individualizado que pregava: “trate o paciente e não a hemoglobina glicada”